O banquete das festas de Natal

Este fim de semana já é Natal. Seja essa uma festa para você religiosa ou não, o Natal é a maior confraternização familiar que temos na nossa cultura. É um momento de celebrar o ano que passou, abraçar quem amamos, lembrar de momentos significativos, e criar novas memórias. Isso tudo é compartilhado em volta de uma mesa.

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Você se ajuda?

Distúrbio alimentar sempre existiu, mas não há como negar que no último século os casos não só aumentaram, mas como tornaram-se mais evidentes. Uma da grandes hipóteses é a influência da exposição exagerada e do culto ao corpo que é vigente na nossa sociedade. Se com a televisão e a publicidade isso já era grande, com a internet e mídias sociais a exposição tornou-se exponencial.

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Ser magra ou ser feliz?

No último ano eu tenho falado menos de obesidade, e mais dos outros excesso: o excesso de restrição que vemos por aí. Pessoas que vivem em dieta, que sofrem a cada vez que passam por um espelho, que se machucam tentando mudar o formato de seus corpos. Recebo muito feedback positivo, mas uma pergunta que sempre volta e que me causa um aperto no coração é “mas como eu serei feliz se eu não for magra?”.

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Comer Típico, Comer Transtornado e Transtorno Alimentar

Hoje em dia esses três termos se confundem muito, então vamos esclarecê-los. É importante lembrar também que o importante não é o rótulo da maneira que você come, mas sim o fato de você ter uma boa relação consigo, com a comida, e autonomia das próprias escolhas.

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Todo mundo gostaria de ter a vida que diz ter no Instagram

Quando era pré-adolescente eu amava comerciais de shampoo. Olhava aqueles cabelos, brilhantes, sedosos e esvoaçantes como algo mágico. Aquelas modelos certamente haviam recebido alguma receita de como ser mulher que eu, aos 11 anos e cabelos embaraçados ainda iria um dia receber.

Até que um dia, conversando com uma amiga dois anos mais velha, apontei para a foto de um desses comerciais, e disse: “eu queria ter um cabelo assim”. A minha amiga rindo prontamente respondeu “essa modelo também”. Fiquei perplexa.

Vendo que eu não entendi a colocação, ela explicou: “o cabelo dela na vida real não é assim, ela também adoraria ter esse cabelo todo dia”. Foi simples. Ela me mostrou algo que eu não conseguia saber, mas que se qualquer pessoa adulta parar dois segundos para pensar, vira óbvio. Aquilo era uma fantasia. O cabelo, parecia o cabelo dos meus sonhos, pois era essa exatamente a intenção da propaganda. Dar matéria ao arquétipo do cabelo feminino, buscado fundo do nosso imaginário, mas simplesmente inexistente no mundo real.

Às vezes eu acho que todo mundo no Instagram ainda está nessa pré-adolescência.

Primeiramente, eu amo o Instagram. Uso para trabalho e lazer, e a maioria das interações que tenho nele são só positivas. Canso de ver, porém, em consultório e nos comentários por aí pessoas medindo sua vida pelo metro do feed dos outros.

As pessoas comparam sua vida toda! “Ela viaja mais do que eu”, “ela come sempre come fora”, “ela dorme menos e fica bem”, “ou ela trabalha, tem namorado, filho, cachorro, e mesmo assim cozinha em casa, dorme 8 horas por noite e está sempre feliz”.

Deixa eu contar o segredo: ela também queria ser assim.

Não estou falando de que tudo é enganação, longe disso. Estou apenas falando que esquecemos que em todo recorte, enquadramento, tom de voz, tem uma narrativa. E toda narrativa tem um compromisso também com a fantasia. Ela cria signos que trazem imagens, experiência, sentidos que não estão presentes. Quando vemos uma foto estática não nos atemos só aos detalhes à mostra, mas intuímos o contexto. A amiga está na praia sorrido, criamos uma narrativa de uma férias maravilhosa e excitante. Preenchemos as lacunas do significado, porque é assim que vivemos — o que é maravilhoso. É por isso mesmo que a humanidade possui paixão, arte, psicanálise. Tudo que não é essencialmente prática, mas é profundamente vital.

Tudo que você vê no Instagram pode sim ser verdade, só não é verdade o tempo inteiro.

Nós selecionamos, editamos e escolhemos o que queremos mostrar. Claro que preferimos mostrar a roupa nova que compramos do que o pijama sujo. É óbvio que a lembrança que você quer guardar é daquele jantar lindo com o namorado, não o dia que os dois estavam de mau humor e brigando por tudo. Não tem nada de errado em querer postar nos dias que estamos felizes e sorridentes, e deixar de lado, os dias que estamos para baixo. Escolher o que queremos mostrar não é uma dissimulação.

O que não é normal é esquecermos disso e acharmos que mídias sociais são a vida real 24horas…

Ninguém é perfeito, nem feliz, o tempo todo. Ouvindo assim parece óbvio. Mas como eu aprendi aos 11 anos, às vezes precisa alguém de fora apontar o óbvio para a gente entender.