O que é restrição (para cada um)?

Vocês já me ouviram falar que muitas compulsões nascem de restrições. Sim, embora haja pessoas que façam dietas restritivas sem prejudicar sua relação com a comida, a restrição é para muitas pessoas um gatilho de compulsão. Mas, se até nossas avós e mães nos ensinavam a diferença de comida do dia-a-dia, e aquela sobremesa especial do fim de semana, o que é restrição? Bem, como sempre, depende.

Primeiro de tudo, quando sugerimos uma dieta sem restrições, não estamos falando “comer tudo o que passar na nossa mente no momento que der vontade”. Parece óbvio, mas em tempos de internet é sempre bom salientar o óbvio. Porque se o único motivo pelo qual você não sai comendo tudo vê pela frente é o peso na balança, você precisa rever sua relação com a comida.

Quando falamos de “restrição” queremos trazer uma imagem exatamente como essa do artigo: a de um aprisionamento. E não são os mesmo alimentos e nem os mesmos momentos que despertam essa sensação para todo mundo do mesmo modo.

Uma pessoa pode não ligar muito para pizza, por exemplo. então se alguém lhe disser para não comer pizza ela talvez demore muito tempo, meses até, para sentir falta desse alimento. Mas essa mesma pessoa pode amar bolinho de chuva, porque sua avó fazia quando era criança e ela tem o costume de comer todo fim de semana, e só de pensar nessa refeição ela já fica mais feliz. Se então alguém lhe falar que ela deve parar de comer bolinho de chuva a saudades vai ser quase instantânea.

Percebe que a diferenças em ambas situações?

Claro, se essa pessoa está com sobrepeso ou algum problema de saúde que precise comer menos açúcar, talvez ela tenha que diminuir o quanto come de bolinho de chuva, lembrar da sua avó de outras maneiras, e guardar o bolinho para ocasiões especiais. Mas isso é muito diferente de falar: “nunca coma açúcar”. Na primeira situação, veja, estamos transformando comer o bolinho em um momento feliz e celebrado. Não é uma “jacada”, um “sair da linha”, ou uma “furada” da dieta.

A pessoa que ama bolinho de chuva deve sim comê-lo, talvez não muito, talvez não todo momento que a vontade bata, mas ela deve comê-lo com o mesmo prazer que sempre comeu, porque pra dieta dela ele é sim importante. O fato dela comer menos não torna o bolinho de chuva uma “exceção” para a dieta, é uma parte importante dela, ainda que não apareça no prato constantemente.

Qual é a diferença? Muita! A mudança não é só de nomenclatura, mas sim é algo que muda toda nossa relação com a comida. É o celebrar o prazer e a emoção do alimento ao invés de colocar uma culpa nele. Perceba, essa pessoa nunca vai se sentir culpada ao comer o bolinho. Ela vai comer menos, porque ela quer cuidar da sua saúde e passar ainda muitos anos podendo assar bolinhos de chuva em momentos especiais, mas não para se punir. Ela continua tendo carinho por esse alimento, e não medo ou culpa. E isso pode sim ser sutil, mas faz toda a diferença!

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