Transtorno Alimentar Se Tornou Normal

Quando começamos a tocar no assunto de transtornos alimentares passamos a descobrir que ele estava já a nossa volta. Com a amiga, a colega de trabalho, a prima. E esses são os casos das pessoas que ou foram diagnosticadas, ou que conseguiram olhar para si mesmas e enxergar seus atos. Mas há muitas pessoas em pleno transtorno que não apenas passam sem alarme de si mesmo, e dos outros, porque normalizamos os excessos e as restrições.

A disseminação da vida fitness como sinônimo de saudável, e até mesmo de louvor, passa para muitas pessoas a ideia do que o certo é viver em restrição. Resistir à tentação da gula e da preguiça é uma virtude inclusive moral. É a ideia de que precisamos ser forte e impassível frente a todos os desafios, como um video game da vida, como se o controle da alimentação fosse, ao fim o controle frente ao impossível, o improvável e o absurdo da vida.

Se viu aqui? Pois é. Sinto lhe dizer. O impossível da vida não é algo que se responde com o controle. Podemos tentar como quisermos colocar todos os pingos nos i’s, fechar todas lacunas, mas sempre algo sobre. A vida sempre guarda surpresas, e isso é bom!

Frente ao impossível da vida, tem também quem responda não com o controle, mas com o descontrole. É aquele amigo vida loca. Nunca comeu uma salada, dorme tarde todas as noites, não consegue sair sem beber, ou sem um cigarro, está com todos exames alterados, mas ri na cara do médico… conhece alguém assim? Todos conhecemos. E vemos como normal. Mas tal descontrole, assim como o excesso do controle revela uma angústia que precisa ser olhada para acha uma resolução melhor, mais feliz.

O que ficou anormal, o que não passa perto de facebooks e instagrams da vida, é o dia a dia de verdade. Que lida com pitadas de controles e descontroles. Essa é a vida, com todas suas surpresas e tudo que nos escapa.

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